Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2012
Para Reflectir
Se o Governo quer mesmo poupar as famílias e a economia a mais austeridade destrutiva, só lhe resta uma saída: renegociar o memorando.

É hoje uma evidência que a economia e as famílias portuguesas já não aguentam mais impostos. Mas não é correto pensar que isto justifica que se avance, rápido e em força, para cortes na despesa. A conclusão é outra: atingimos o limite de toda e qualquer austeridade, seja por via da receita, seja por via da despesa.

A ideia de que os cortes na despesa são menos penalizadores para a economia do que os aumentos de impostos não tem qualquer sustentação empírica. Num artigo publicado em julho deste ano - Successful Austerity in the United States, Europe and Japan - uma insuspeita equipa de investigadores do FMI analisou a história de programas de austeridade e chegou à conclusão contrária: cortes na despesa têm um efeito recessivo muito maior do que aumentos de impostos.

Os investigadores do FMI chegam mesmo a dizer que, por cada euro que é cortado na despesa, a economia pode contrair 2.6 euros, enquanto que, por cada euro a mais de impostos, a economia contrai apenas 0.35. Se aumentar impostos é mau, cortar na despesa, sobretudo no contexto atual, é ainda pior.

Por outro lado, quem defende cortes na despesa não parece perceber que o Estado Social é uma forma de institucionalizar a solidariedade entre todos os cidadãos: de cada um de acordo com as suas possibilidades contributivas, a cada um de acordo com as suas necessidades.

Paga quem pode, idealmente através de impostos progressivos; recebe quem precisa - quem precisa de cuidados de saúde, de uma escola para educar os seus filhos, de um subsídio desemprego, de uma pensão.

Ora, cortar na despesa, como o Governo tem vindo a fazer, ou instituir um "sistema de financiamento mais repartido", como defendeu Passos Coelho em entrevista à TVI, não são formas de evitar que as famílias paguem mais impostos. São, isso sim, o mais injusto e regressivo dos impostos, porque se ataca o rendimento, em dinheiro ou em espécie, das famílias de classe média e das de rendimentos mais baixos, que são quem mais beneficia do Estado Social.

A refundação do Estado Social de que fala o Governo pode ser muita coisa, mas não é certamente nem mais justa nem menos recessiva do que tudo o que este Governo tem feito deste que ganhou as eleições.

Se o Governo quer mesmo poupar as famílias e a economia a mais austeridade destrutiva, só lhe resta uma saída: renegociar o memorando. Até lá, resta-nos ir à boleia das sucessivas renegociações que vão sendo feitas pelos gregos.



João Galamba, Deputado pelo PS
publicado por sociolocaminhar às 02:52
link do post | comentar | favorito
.mais sobre mim
.pesquisar
 
.Maio 2016
Dom
Seg
Ter
Qua
Qui
Sex
Sab
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
.posts recentes

. ...

. Que valores valores

. para todos os que ainda ...

. A ética e a Moral

. Para reflectir

. Bases principais do Pensa...

. Não permitam o "Afundamen...

. A construção a Humana , ...

. Para Reflectir

. Para obter um milhao e qu...

.arquivos

. Maio 2016

. Junho 2015

. Janeiro 2013

. Dezembro 2012

. Novembro 2012

. Outubro 2012

. Maio 2012

. Abril 2012

. Março 2012

. Outubro 2011

. Agosto 2011

. Abril 2011

. Agosto 2010

. Dezembro 2009

. Novembro 2009

. Outubro 2009

. Junho 2009

. Fevereiro 2009

. Janeiro 2009

. Dezembro 2008

. Novembro 2008

. Outubro 2008

. Maio 2008

. Abril 2008

. Março 2008

. Fevereiro 2008

. Janeiro 2008

. Dezembro 2007

. Novembro 2007

. Outubro 2007

. Setembro 2007

. Agosto 2007

. Julho 2007

. Junho 2007

.tags

. todas as tags

.favoritos

. caminhos

. Coisas do sempre e do nu...

. Percursos

. Não podia ser quem Sou

. Da Ribeira da minha terr...

. Prazer ou Nostalgia

. lazer

. Memorias ...

. O Poema e a Musica

. Apareço assim de mansinho

blogs SAPO
.subscrever feeds
Em destaque no SAPO Blogs
pub