Quinta-feira, 30 de Agosto de 2007
Ai que prazer
Ai que prazer
Não cumprir um dever.
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira sem literatura.
O rio corre bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa, de tão naturalmente matinal
Como tem tempo, não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto melhor é quando há bruma
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças,
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa - Poesias Inéditas

publicado por sociolocaminhar às 02:52
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Para aprender a gostar de Saramago

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno
a vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.

 

J SARAMAGO
(in PROVAVELMENTE ALEGRIA, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1985, 3ª Edição)

publicado por sociolocaminhar às 02:31
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Terça-feira, 28 de Agosto de 2007
Para as almas grandes
Prospecção

Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.
Miguel Torga
publicado por sociolocaminhar às 12:27
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Para que se mantenha viva a memoria
VASANTE



Maré baixa, com lodo e penedias.

Quando a fúria abandona o criador,

Que vazias

As formas!

Que diluída, a cor!





Porque não vem a onda que avassala

E traz o azul à praia, a melodia

Dum coração que bate sem sossego?

Maré cheia – um poema que se lesse

Numa folha espalmada de horizonte,

E fosse a sede e a fonte

De não sei que amargura se sofresse…





Génio!

Vento do céu, anónimo, invisível,

Porque não sopras sobre o corpo morto

Do gigante cansado?

Que triste é o mar despido e adormecido!

E estes ossos sem carne, que pecado!



MIGUEL TORGA, Diário V, 1974
publicado por sociolocaminhar às 12:25
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Caiu o Carmo e a Trindade

 Organismos geneticamente modificados

 

Caiu o Carmo e a Trindade.

 

Alguns agricultores; Pseudo -Pós modernos

Descobriram que podiam finalmente, criar espécies vegetais sem o uso de pesticidas.

Bastava, que usassem sementes criadas em laboratório e ás quais fossem modificados os genes.

Alguns cientistas pós modernos ,resolveram dedicar o seu tempo a estudar e a criar espécies que resistem ás pestes que atacam as sementeiras.

Tornam-se administradores dos laboratórios onde trabalham, mas continuam a falar-nos de Ciência.

 Tornaram-se agentes das multinacionais dos Organismos geneticamente modificados, pretensamente boas, para a humanidade.

Esquecem-se simplesmente de nos avisar que a humanidade de que falam, são os dois por cento mais ricos do mundo, que construíram a sua riqueza explorando os recursos de todos, poluindo sem escrúpulos o nosso meio ambiente, e sem preocupação alguma com o futuro da Humanidade.

 Se o aparecimento do DDT e de outros compostos ,durante os primórdios do Sec XX com todos os malefícios hoje conhecidos, foi possível de aceitar como um bem , devido ao não conhecimento dos malefícios que tais compostos trariam à humanidade.

Se a Cisão do átomo de Urânio pareceu durante um tempo um feito da ciência devido ao desconhecimento da mesma ciência dos malefícios que tal coisa traria à evolução humana.

Não é hoje aceitável que se proceda à introdução no meio Ambiente de novos seres que sabemos trarão ao longo do tempo alterações genéticas imprevisíveis ao ser humano.

Não é assim aceitável que:

 Se levante um vento destruidor sobre movimentos sociais que lutam contra tais projectos.

Não é aceitável que todo um pais, se levante contra um grupo de pessoas que

Até talvez ,tenham estravazado os limites do razoável.

 Mas que membros do governo, eventualmente o mesmo governo que nada faz

 contra a introdução de farinhas provenientes de organismos geneticamente modificados, em rações para animais e até, nos flocos que comemos ao pequeno almoço.

Ou que permite que zonas do pais possam ser usadas para tais sementeiras,

Venha comparar um grupo de Ambientalistas a Eco- terroristas.

 É preciso distinguir o trigo do joio e não confundir terrorismo que são actos desproporcionados contra pessoas inocentes.

Com atitudes eventualmente não adequadas aos fins em si, mas que de outro modo não teriam eco social.

   

  

 

publicado por sociolocaminhar às 02:32
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Nas asas do sonho

Nas terras do fim do mundo, vive um povo que não conhece outras paragens

Mas cuja felicidade não se discute.

É uma sociedade comunitária onde tudo é pertença de todos, desde o trabalho até ao forno comunitário.

As ovelhas as cabras as Vacas e o boi. São responsabilidade de todos os seus habitantes.

O trabalho dos campos é dividido de modo igual por todos os habitantes.

O moleiro recolhe os grãos que mói no moinho do povo e depois distribui segundo as necessidades de cada um.

Todos vivem confiantes no futuro e só as diabruras da natureza fazem que em determinadas ocasiões o povo deste lugar, sinta as dificuldades próprias de quem habita Um mundo simultaneamente belo, mas que contém a força destruidora.

Os homens e as mulheres juntam-se ao entardecer na casa do povo e discutem como fazer todos os trabalhos que o amanhã requer para manter uma população, onde a juventude é o projecto do futuro.

O Barbeiro da aldeia é quem corta os cabelos e também o medico, ou quem detêm o conhecimento das ervas que curam.

Como em todas as aldeias do fim do mundo encontramos a  srºMaria Coelha  que detêm o poder de predizer o futuro.

Foi a ela que alguns rapazes ouviram contar que, nas terras do longe havia uma pedra que brilhava nas noites escuras e que quem a toca-se seria bafejado, com a capacidade não humana de poder deter a força destruidora da natureza e desse modo o poder de conduzir este povo ao bem-estar total.

 Lá que ouviram contar ouviram, mas o que ninguém sabia era onde ficava tal terra ,nem a forma de lá chegar, isso era segredo dos Deuses e só eles alguma vez, teriam tocado tal pedra.

Era o que toda a gente falava, neste fim de tarde na reunião do povo ,logo após uma trovoada que destruiu toda a cultura de Milho, centeio e feijão, trabalho de um ano completo.

Foi com estes pensamentos que se deitou o Joaquim um rapaz de 14 anos, aprendiz de cesteiro.

Nessa noite quase não pregou olho e, foi já rente à manhã que, adormeceu e sonhou com uma águia que, por vezes pairava sobre a aldeia. No seu sonho viu-se transportado no bico da águia e sobrevoou terras distantes, das quais nunca tinha ouvido falar, nem sequer ao homem mais sábio da aldeia. A quem chamavam, o conhecedor das coisas e do mundo.

Era a ele que sempre se recorria quando não se chegava a consenso, sobre qualquer actividade da comunidade.

Desconhecia-se como lhe tinha sido dado tanto saber, mas que sempre tinha sido capaz de usar as palavras certas, para resolver os conflitos que por vezes surgiam, lá isso era verdade.

Era um individuo que tinha o habito de se retirar ás vezes, por semanas ou meses. Ninguém sabia para onde e quando voltava, era muitas vezes encontrado debaixo de um carvalho rabiscando símbolos estranhos, naquilo que ele chamava de papel.

Apesar desse seu hábito estranho, de desaparecer e aparecer e de rabiscar papeis, era muito considerado na aldeia pelas capacidades que mostrava, para a resolução dos problemas, ainda que estes parecessem de difícil solução.

Acordou já o sol ia alto, com o sonho na alma. E foi como todos os dias para o seu trabalho, de aprendiz de cesteiro. Mas este foi um dia diferente, manteve-se sempre distante e pensativo, trazia consigo um sonho que não queria esquecer e por isso passou o dia a repetir a si mesmo Hei-de voar, hei-de voar.

Á noite enquanto os adultos ,se reuniam na casa do povo e os outros rapazes se entretinham com o jogo do malho, ele sentou-se no muro e deixou a mente vadiar pelas terras, distantes que tinha percorrido na noite anterior.

Quando se deitou, nessa noite tentou voltar ao sonho, mas adormeceu sem que essa imagem que pretendia ressuscitar voltasse.

Passou o tempo e o sonho não mais voltou, nem das paisagens maravilhosas que viu falou a ninguém, tinha sobrevoado sobre ribeiras tão grandes que não conseguia descrever o tamanho, aldeias tão grandes e sobre casas tão altas que quase batia com os pés nas telhas. De tais casas não podia falar a ninguém, de um tal sonho muito menos. Seria de certeza considerado louco.

E quem sabe afastado do grupo de rapazes com quem convivia.

Mas tinha na ideia essa coisa de voar, isso foi coisa que se lhe meteu na cabeça e nunca mais saiu.

Meteu-se-lhe também na cabeça uma ideia, talvez o conhecedor lhe pudesse explicar o seu sonho.

Talvez se fala-se com ele, pudesse esclarecer aquelas casas grandes, e a ribeira de que não tinha visto a outra margem.

Foi com esta na ideia que se acercou do conhecedor estava este a rabiscar nos seus papéis.

Foi de soslaio que olhou para um desenho que este se encontrava a fazer nos seus papéis.

 A forma de um pássaro que parecia voar e lá dentro, varias cabeças sorriam e pareciam extasiados com a aventura.

 Perguntou que coisa era aquela que se encontrava no papel e que se parecia tanto com um sonho que Fazia tempo sonhara.

- Este é um desenho de uma passarola que voa e que se constrói ,lá pela cidade grande onde vou ás vezes observar o mundo, onde vivem muitas pessoas, tantas, tantas que é impossível contar.

- E essa coisa voa mesmo, perguntou?

- Claro meu rapaz, e esta é para os que gostam de brincar, para além destes existem pássaros enormes que levam centenas de pessoas, para sítios muito distantes.

- E é verdade que existem casas mais altas que o pinheiro mais alto da floresta.

- Sim ,altas muito mais altas, tão grandes que lá dentro cabem todas as casas da nossa aldeia.

- Será que um dia quando fores a essa terra me podes levar contigo?

Gostava de percorrer o mundo e conhecer esses pássaros grandes.

- Da próxima vez levo-te comigo.

- Prometes?

-Prometo.



 historia para continuar

 

 

 

 

 

-

   

 

 

.

 

 

    

 

 

  

 

 


 

 

 

 

 

 

 

 

   

 

 

  

 

 

publicado por sociolocaminhar às 00:39
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Domingo, 26 de Agosto de 2007
Memorias de mim

Descubro-me a caminhar noutras montanhas a olhar outros Sois.

Descubro de repente outros azuis e até o arco-íris brilha de outro modo.

Descubro outros seres que de outro planeta nos visitam ás vezes.

Descubro as possibilidades infinitas que o mundo nos apresenta.

Descubro o mundo e caminho por caminhos Infinitos.

Ando, ando e volto a andar.

Torno-me rebelde talvez por descobrir tão cedo que o mundo é injusto.

Torno-me incompressível, talvez porque os que estão à minha volta não

Ouvem e não vêm que a injustiça do mundo me toca profundamente.

Não compreendo o mundo dos adultos tão cheio de cerimónias.

Não percebo porque é que a uns se tem de tirar o chapéu e a outros não.

As coisas infinitas que não percebo agigantam-se em mim e não encontro maneira de perceber o mundo.

Quero encontrar outro mundo onde todos se tratem por tu.

Onde o professor não seja a pessoa mais importante que existe no mundo mas alguém que nos ensina a ser grande.

Sabes Gostava que todas as pessoas fossem autênticas.

Gostava que todas as pessoas fossem tal e qual como se apresentam.

Gostava que as contingências da vida não tornassem o homem distante do humano.

Gostava de um mundo outro que não encontro.

 

publicado por sociolocaminhar às 01:50
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