Subir à montanha mais alta que se encontrar.
Olhar o infinito, procurar o belo que o mundo tem.
Olhar em redor à procura de não se sabe o quê?
Estar ali sentado sem saber para quê.
Sentir todo o silêncio que nos invade
Sentir o vento suave que nos acaricia.
Escutar os sons que nos invadem o ser.
Escutar lá longe o som das trompetas
Que nos chega ao de leve e nos envolve
Todo o ser.
Sentir a vida toda fluir enquanto o pintassilgo nos pousa no ombro
Escutar o som da água que cai da cascata
O som do vento que passa e nos toca ao de leve.
Sentir o que nos acontece simplesmente por ser
As borboletas que pousam nas flores
As flores que nascem de plantas de que não gostamos e nos impedem de correr.
Amar o inesperado, é ser portador de novas vontades
De novos sentimentos que surgem simplesmente por saber escutar.
Procurar o escondido, o profundo.
O tudo que é, não parecendo, pode ser!...
É lindo de viver este estado da alma aberta ao desconhecido.
De procura em procura, o reencontro com o nada que pode não ser.
Viver quem sabe uma nova tempestade que nos envolve mas que nos agrada porque é amor total.
Entrega do ser ao amor é a arte de saber dar a coisa mais bela de todas as coisas.
Mas é preciso saber sentir, estar receptivo a dar sem esperar.
A vida não é uma troca que possamos fazer.
É uma entrega total do ser à sensibilidade.
Não, não é procura do prazer, mas é sem duvida a capacidade de o sentir.
Beleza . é poder ser o que somos , fazer o que gostamos , ser tudo e nada , trabalhar ou não .
Ler ou não
Caminhar ou não, partir ao encontro do que por ser, é belo em si .
É sentir a liberdade de usar a vida da maneira que nos apetecer .
É um prazer.
Que pode não ser.
Mas que é pelo simples facto de ser.
Que maior prazer pode existir do que sentir o ser liberto da opressão diária dos horários.
De poder deixar os raios de sol acordar-nos, quando a manhã já vai alta
Poder sentir a lua nos seus diversos modos de nos olhar.
É ser o que somos e o que queríamos ser , é o encontro connosco.
É ser e não ser .
É mais do que tudo o que imaginemos
A beleza é uma definição que nunca poderemos dar
Por isso a beleza é bela
Paisagens da memoria
A lareira acesa, a caruma na mão a arder, a rodar no ar entre os dedos.
O círculo que fazia era lindo.
O Irmão mais velho que deitava as culpas das asneiras para o mais novo.
As primas com que brincava.
A torre de lama que construí
Os campos verdejantes, a apanha do milho, a descamisada, as cerejas grandes e saborosas, os pêssegos e os figos precoces do meu avô.
O Correr pelos campos completamente livre.
A festa do Senhor dos Aflitos.
O garrafão de vinho que bebi inteiro, as arvores a rodar, o chão que fugia debaixo dos pés.
Os cogumelos que apanhava na quinta do meu avô, os pinheiros, os carvalhos, as videiras, o fazer do vinho.
A ribeira de água cristalina, linda de viver, o moinho onde se moía a farinha, o moleiro, o debulhador do milho, as cascatas de água na Ribeira.
A minha avó a fazer o pão, no forno que havia na parede dentro da casa, o pão de azeite com açúcar, espectacular. Tirar água do tanque com canos de aboboreira
A mina onde íamos buscar água para a rega dos campos, o cão que para mim era um burro, castanhas, uvas a serra em frente.
O tira Boinas.
O meu tio Hegidio,carpinteiro, principalmente tanoeiro, para mim,o petas
O tira boinas era o Homem da debulhadora, ficou-me na memória por ser o tipo que mal me via, me roubava a boina, a coisa que eu mais gostava, era uma boina basca, preta de que me era insuportável separar, assim quando o tira boinas aparecia, para mim era como se o diabo surgisse de repente à minha frente surgido das profundezas do inferno. O tira boinas transformava-se assim no monstro mais horrendo da minha infância. Monstrengo da minha existência , de quem fugia a sete pés e que me perseguia até nos sonhos . Sonhos sonhados na noite de breu , nos pesadelos, em que me sentia cair a uma velocidade estonteante até que acordava aos gritos, a um metro do fundo do poço.
O tio Hegidio era o tio fantástico que, transformava as arvores em pipas para o vinho enquanto o diabo esfregava um olho , plaina , bigorna , malho esquadro como únicas ferramentas e o fogo que usava como magia .
Aquilo para mim era autentica magia, ficava ali a olhar dias e dias seguidos fascinado com aquela maravilha.
Assistia ao descascar do tronco da arvore, e via com o desenrolar do tempo surgirem as aduelas que depois se encostavam umas ás outras envolvidas em rodas de ferro que entretanto haviam sido construídas e quando todas encaixavam milimetricamente, então a magia do Fogo fazia o ajuste final. E de tal modo era magico que, quando cheias não pingava nada. A perfeição em si mesma executada por um Homem simples mas cuja sabedoria me marcou para sempre.
Era como tornar possível o impossível , mas era também o tio sensível que contava historias que me faziam transportar para as paisagens mais belas da minha existência
Era, na caso do petas que, se comia o melhor naco de presunto de Maçãs de dona Maria e das sete vilas em redor que , era o espaço mais longínquo que para mim existia.
A partida
Algures no tempo o familiar deixa de o ser, outra vida outro sitio outro estar.
Roubado das coisas simples, das paisagens queridas, das paixões, infantis, outros medos outros monstros outros tira boinas surgem do nada.
Acordar e não encontrar o familiar mas um novo lugar onde não existe nada de conhecido, partir para outro mundo, distante de tudo.
Abro os olhos e não encontro, procuro, procuro mas não encontro em lado nenhum, nem o cão que era burro, nem a minha torre de barro nem a minha ribeira querida, olho e apenas vejo um tira boinas em todas as esquinas.
Nem o petas, nem a sua magia nem as suas historias simples, nada, apenas o vazio
Confusão na minha mente, é como se de repente nos tele- transportássemos para uma mundo de ficção cientifica. Onde toda a paisagem muda, olhas e não encontras o antigo o conhecido, nada de nada à tua volta, procuras e nada de familiar consegues encontrar
Paisagem do fim do mundo. É a única coisa que consegues encontrar.
Construir de novo outras imagens em que ancorar a existência outras memórias, que não é possível sobrepor ás primeiras, confusão de imagens, ir ou ficar gostar do novo ou odiar.
Novo reencontro com o mundo, novos amigos, vão surgindo, mas existe sempre uma nostalgia que é impossível não sentir.
Entrar num mundo que não é nosso, a necessidade de outra identidade, necessidade de impor de novo a existência.
Viver entre dois mundos e em lugar nenhum.
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